Carro usado na execução de ex-delegado, que ajudou a identificar suspeitos, está ao lado do veículo da vítima
Carro à esquerda usado usado na execução do ex-delegado Ruy Fontes permitiu a identificação de dois suspeitos Matheus Croce/TV Tribuna Um dos carros usados...

Carro à esquerda usado usado na execução do ex-delegado Ruy Fontes permitiu a identificação de dois suspeitos Matheus Croce/TV Tribuna Um dos carros usados pelos criminosos na execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, na segunda-feira (15), está estacionado na unidade da Guarda Civil Municipal de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Ao lado, está o veículo do ex-delegado, que foi alvo de aproximadamente 20 disparos de fuzil -- o veículo dele está coberto por uma lona. A localização e apreensão do automóvel dos criminosos, um Renegade, permitiu à Polícia Técnico-Científica coletar material para identificação de dois suspeitos pelo assassinato, por meio das impressões digitais deixadas no veículo. Já o outro carro, que foi registrado pelas câmeras de monitoramento e de onde desembarcam os três atiradores, foi queimado pelo grupo durante a fuga. Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP), os dois veículos haviam sido roubados na capital paulista. "Todos que participaram desse atentado terrorista, porque é isso que aconteceu contra o doutor Ruy, serão punidos severamente por isso", afirmou o secretário da SSP-SP, Guilherme Derrite. A investigação tem duas suspeitas principais para a motivação do crime: Vingança em razão da atuação histórica de Ruy Fontes contra os chefes do PCC. Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande. Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos Leia também: Governo de SP cria força-tarefa para prender assassinos de ex-delegado Ex-delegado executado no litoral disse que nunca foi ameaçado pelo crime organizado; ÁUDIO Velório e sepultamento O corpo do ex-delegado-geral foi sepultado por volta das 17h30 desta terça-feira (16), no Cemitério da Paz, no Morumbi, Zona Sul da capital. Mais cedo, ocorreu o velório, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Por volta das 7h30, o corpo deixou o Instituto Médico Legal (IML), no Centro da capital paulista, no carro da funerária e chegou na Alesp às 11h10, onde foi velado até as 15h. O velório público foi acompanhado por amigos, familiares, políticos e autoridades do estado de São Paulo. Ataques, fuga e execução Com base nas imagens de monitoramento da prefeitura, os criminosos chegaram à Rua Arnaldo Vitulli, ao lado da Secretaria de Educação (Seduc), às 18h02 de segunda-feira (15). Eles permaneceram de tocaia até às 18h16, quando o ex-delegado passou de carro e foi alvo dos primeiros disparos de fuzil. Ruy Ferraz Fontes tentou escapar pela Rua 1º de Janeiro, mas foi perseguido por cerca de 500 metros. Na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, bateu em um ônibus e capotou. Nesse momento, três criminosos armados com fuzis desceram do carro. Um deles ficou na contenção, enquanto os outros dois se aproximaram do veículo e executaram o ex-delegado com diversos disparos. Infográfico: ex-delegado-geral de SP é assassinado no litoral sul Arte/g1 Quem era Ruy Ferraz Fontes O ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes. Divulgação/GESP Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o PCC. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes teve passagens por delegacias especializadas como o DHPP, o Denarc e o Deic. Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa. Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo. Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias. Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal. Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos